É permitido sentir-se inseguro!


Tem coisas que acontecem na vida da gente no momento certo. Canso de ouvir as pessoas argumentando descontentes consigo mesmas "Eu não estava preparada para enfrentar aquela situação!" ou reclamando inconsoladamente "Mas tinha que acontecer justo agora?". Se formos analisar tudo que acontece ao nosso redor, fica fácil perceber que estamos constantemente despreparados e inseguros, embora a maioria das pessoas não admita isso, nem sob tortura.

Nesse mundo de super heróis e mulheres maravilha, sentir-se inseguro é sinônimo de fraqueza. Diante disso, nos sentimos vítimas do destino, do acaso, das coincidências, dos atrasos, do stress, dos imprevistos e porque não do eterno retorno? Achamos todos os motivos possíveis e imagináveis para justificar aquele desprezível e tão temido sentimento de insegurança.

Ser uma fortaleza, não é para qualquer um. É preciso prática para atuar com frieza e interpretar com muita desenvoltura o papel de ser forte a todo e qualquer momento. É estar sempre preparado para ostentar uma postura imponente diante dos diversos obstáculos e nos momentos de medo não deixar verter uma lágrima sequer. Admiro com certa desconfiança, os que escolheram encarar esse papel.

Mas, me surpreendo ainda mais, com aqueles que assumem com orgulho a insegurança de se permitir ser e atuar humanamente. Refiro-me a aquelas pessoas que choram, admitem seus erros, clamam por ajuda diante do desconhecido, e que por alguns minutos deixam transparecer esse sentimento de inferioridade, esse frio na barriga que sentimos diante de algumas limitações.

Para estas sim, eu celebro a existência e faço questão de aplaudir de pé. Afinal, não temos tempo para ensaiar cenas, decorar discursos e muito menos estamos preparados para atuar com excelência nos mais diversos cenários desse complexo espetáculo chamado VIDA.

É preciso muita coragem para agir sem seguir o roteiro previsto e também audácia para talvez decepcionar a platéia, que ansiosamente esperava assistir mais um episódio repleto de heroísmo e super-poderes.

Dedico esse texto a um herói de verdade, que depois de exercer sua missão com competência e ousadia, diante do caos chorou e humildemente reconheceu sua inferioridade diante dos planos de Deus.


Comentários

  1. Ótimo texto, Sarah!!! Vivemos imersos em cobranças de perfeição, segurança, decisão... e não nos sentimos verdadeiramente assim. Já reparou o quanto nos bombardeiam com o culto ao sucesso profissional/financeiro, ao ideal estético, ao status social? E o quanto temos medo de errar, de não alcançar o 'padrão dourado' de excelência na vida, ou mesmo de ser visto como um perdedor pela maioria?
    Difícil alguém, sinceramente, não se angustiar com isso. Mais difícil ainda, respeitar-se e conviver bem com o que se é e o que se tem (já que um 'ideal' é justamente isto - algo utópico e inalcançável) em meio ao rebanho que aceita e cobra a decisão certa em 100% das situações, a segurança diante de situações impossíveis, verdadeira ou não. Vale para a vida profissional (embora eu prefira, honestamente, trabalhar com os que admitem não estar a altura do desafio), vale para a vida afetiva (quanta decepção teria sido evitada, quanto mais de compreensão mútua se teria!), vale para questões morais (porque aqui também se escorrega, se cai - já me ví inúmeras vezes perdido, desorientado, quanto ao certo e errado).

    Me lembro aqui de duas coisas: uma certa música que você gosta (do Cash)... e Fernando Pessoa, 'poema em linha reta'. Coisa pra gente de carne e osso, não pra heróis sem dúvidas. ;)

    bjão,
    Ricardo Quati.

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  2. Talvez o herói ao qual você dedica essa sua LINDAS palavras tenha se inspirado em um texto que há no Orkut de alguém que você conhece para exercer sua missão com competência e ousadia e ao mesmo tempo reconhecer a sua inferioridade diante dos planos de Deus.; são elas:

    "Sabendo que a tribulação produz fortaleza."
    (ROMANOS, 5:3.)

    Quereis fortaleza?
    Não vos esquiveis à tempestade.
    Muita gente pretende robustecer-se ao preço de rogativas para evitar o serviço áspero.
    Chegada a preciosa oportunidade de testemunhar a fé, internam-se os crentes, de maneira geral, pelos caminhos largos da fuga, acreditando-se em segurança.
    Entretanto, mais dia menos dia, surge a ocasião dolorosa em que abrem falência de si mesmos.
    Julgam-se, então, perseguidos e abandonados.
    Semelhantes impressões, todavia, nascem da ausência de preparo interno.
    Esquecem-se os imprevidentes de que a tempestade possui certas funções regeneradoras e educativas que é imprescindível não menosprezar.
    A tribulação é a tormenta das almas. Ninguém deveria olvidar-lhe os benefícios.
    Quando a verdade brilhar, no caminho das criaturas, ver-se-á que obstáculos e sofrimentos não representam espantalho para os homens, mas sim quadros preciosos de lições sublimes que os aprendizes sinceros nunca podem esquecer.
    Que seria da criança sem a experiência? que será da alma sem a necessidade?
    Aflições, dificuldades e lutas são forças que compelem à dilatação de poder, ao alargamento de caminho.
    É necessário que o homem, apesar das rajadas aparentemente destruidoras do destino, se conserve de pé, desassombradamente, marchando, firme, ao encontro dos sagrados objetivos da vida. Nova luz lhe felicitará, então, a esfera íntima, conduzindo-o, desde a Terra, à gloriosa ressurreição em Cristo.
    Escutemos as palavras de São Paulo e vivamo-las!
    Ai daqueles que se deitarem sob a tempestade! Os detritos projetados do monte pelas correntes do aguaceiro poderão sufocá-los, arrastando-os para o fundo do abismo.

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