Do Adeus


Alguém já parou para pensar em quantas vezes somos obrigados a dizer adeus?

Quando entramos na escola, quanta coisa nova se aprende! Percebemos então, que o mundo agora é maior que o quintal da nossa casa. E o melhor: além da cola colorida, massa de modelar, giz de cera de todas as cores, fantoches e fábulas, nós conhecemos pessoas novas. Logo, logo já nos tornamos parte dessa nova rotina, escolhemos nossos amigos e passamos a admirar todos os detalhes desse mundo colorido que acabamos de conhecer.

Mas é chegada a hora. Somos obrigados a dizer adeus aos coleguinhas - companheiros de travessuras na hora do recreio, às "tias" - que nos ensinaram a desenhar todas as vogais no caderno de caligrafia, ao balanço enferrujado tão disputado no parquinho da escola e à sala de aula, repleta de desenhos e colagens, de todas as cores e formas.

E esse desapego involuntário nos acompanha por toda a vida. Deixamos a escola para cursar a faculdade. Na faculdade, vamos à busca do primeiro emprego. Não contentes com o primeiro emprego, o abandonamos quando achamos uma proposta melhor.

E nesse ciclo seguimos nossas vidas deixando pelo caminho lugares, oportunidades, idéias, planos, sonhos e pessoas. Com o passar do tempo, aprendemos que a prática do desapego faz parte da nossa evolução. Aprendemos isso na teoria, mas nem sempre dizer adeus é uma tarefa fácil.

Desapega-se de um carro que já não esta funcionando direito para comprar outro melhor, mas não de um amigo que resolveu morar longe e que talvez não volte tão cedo.

Desapega-se de um jeans velho e companheiro para doá-lo a alguém que precise mais que a gente, mas não de um amor que virou as costas, bateu a porta e partiu.

Grande parte das pessoas que eu conheço acaba remediando a dor do adeus repetindo habitualmente o velho ditado para si mesmo: "O tempo é o melhor remédio!". Eu ainda prefiro concordar com a Martha Medeiros e também acho que o tempo não cura nada, o tempo apenas tira o incurável do centro das atenções.
Assumo que ainda não aprendi a aceitar esses abandonos repentinos ao qual somos expostos a praticar ao decorrer da vida. Dizer adeus é despedir-se de alguns pedaços de nós mesmos, espalhá-los delicadamente pela estrada, e prosseguir a caminhada sem olhar para trás.

Comentários

  1. Na verdade a tristeza que sentimos nas despedidas se faz necessária para a alegria do reencontro, e o reencontro e inevitável para os que amam, mesmo depois de vidas.

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  2. Sarah é preciso sempre dizer adeus:
    Para a preguiça que não deixa ir ao parque caminhar;
    Para os amigos e amigas que não são nossas soul mates
    Para a falta de coragem de sermos nós mesmas;
    Para o lápis preto de olhos que usamos todo o dia;
    Para as chatices da nossa rotina;
    Para a neura da dieta e dos alimentos diet e light;
    Para o que nos impede de trabalhar como se fossemos à um happy hour.
    Para aquela omissão que não permite que digamos o que nosso coração quer;
    E precisamos sempre acreditar que somos espiritualmente lindas e especiais porque
    a DEUS a DEUS é que faz pessoas melhores do que somos não é mesmo?

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