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Mostrando postagens de maio, 2013

Do que é sujo

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Não era tristeza, era agonia. Pontada latejante no peito, olhos estáticos, nó na garganta. Ardia por dentro como brasa quente em carne viva. Queimando-me a alma, tirando-me o ar, o chão. Sentia o peso de todo o firmamento sobre meus ombros e sabia que não adiantava fugir ou esconder-se. Era preciso coragem para me enfrentar, a parte obscura de ser. Sentada frente ao passado, rasguei-me em pedaços minuciosamente retalhados para expor toda a sujeira e ferida ainda não cicatrizada, escondida embaixo da pele, das unhas, dos dias que se passaram. Acumulada atrás do olhar perdido em uma terça-feira nublada. Quem passava via apenas uma moça sentada, tomando seu chá. Mas ali estava eu, dilacerada em mil pedaços, em decomposição de mim. A mercê da cura incondicional que só o tempo traz. Não é fácil despir-se de tudo que é belo para rastejar nos destroços de si mesma. É perturbador! É engolir a força o amargo fel do arrependimento, do que se foi, do que partiu e