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Mostrando postagens de fevereiro, 2010

Heart-Shaped Box ?

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Subi no banquinho para alcançar o alto da estante, e de lá tirei cuidadosamente a pequena caixa empoeirada. Alertava explicitamente uma etiqueta escrita com letras maiúsculas: "FRÁGIL". Delicadamente retirei a tampa e deixei-a de lado. Analisava cada pedaço como se fosse a primeira vez, afinal já faz um bom tempo que eu não os procurava.Alguns pedaços ainda insistiam em estar ali, pareciam menores e mais desgastados que antes. Me pergunto, e fico sem resposta. Talvez esse silêncio amordaçado, seja a melhor resposta. Antes de guardar a caixa, contei todos os pedaços e medi cada centímetro da dor que eu sentia. Fechei a tampa com cuidado e a devolvi para o mesmo lugar - o velho canto empoeirado de sempre. Voltei para inquietude do dia-a-dia, mas a caixa continua a me olhar lá de cima.

O Louco

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Se tem uma carta do Tarô que sempre me deixou inquieta e pensativa, é "o Louco". Que carta medonha! Tentando interpretar as várias representações dessa carta, chego sempre a mesma conclusão, trata-se de um jovem à beira de um precipício. Mas o que mais me incomoda não é isso, e sim as feições do rosto. Não vejo medo, pânico, desepero. Muito pelo contrário, vejo uma postura repleta de destemor, um espírito livre e cheio de coragem. Intrigada com tudo isso, lembrei-me de uma crônica de Gibran Kahlil Gibran que eu acho fascinante. O Louco Perguntais-me como me tornei louco. Aconteceu assim: Um dia, muito tempo antes de muitos deuses terem nascido, despertei de um sono profundo e notei que todas as minhas máscaras tinham sido roubadas – as sete máscaras que eu havia confeccionado e usado em sete vidas – e corri sem máscara pelas ruas cheias de gente gritando: “Ladrões, ladrões, malditos ladrões!” Homens e mulheres riram de mim e alguns correram para casa, com medo de mim. E quand

A alma feminina

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Há um bom tempo, tenho-me entretido muito com um livro que encontrei perdido pelos cantos da sala, escrito por Clarissa Pinkola Estes - Mulheres que correm com os lobos, ainda não terminei de ler, mas já posso ir adiantando que é fantástico. Através de contos de fadas, mitos e histórias, o livro proporciona uma compreensão que aguça nosso olhar para que possamos identificar e escolher o caminho deixado pela natureza selvagem. É uma proposta de resgate do que existe de natural dentro da mulher, fala sobre a natureza desconhecida, incompreendida, desvalorizada e por muitas vezes confundida com diagnósticos comuns e que acabam tornando-se corriqueiros, rotulando e criando dependências clínicas e/ou medicamentosas. O livro propõe a busca desta mulher selvagem dentro de cada uma de nós, a mulher saudável, que possuem características psíquicas comuns: “Uma mulher saudável assemelha-se muito a um lobo; robusta, plena, com grande força vital, que dá a vida, que tem consciência do seu territóri

Dos Signos e Vinhos

Assumo que admiro todo esse universo místico da astrologia, sempre me pego vendo as combinações dos signos, o horóscopo do dia, as previsões para o ano, lendo algumas interpretações para os sonhos...e claro, não deixo de consultar mensalmente a minha cartomante. Encontrei nesse site uma divertida relação dos zodíacos e seus vinhos preferidos. O meu signo gosta de alcool em geral! rs...não é uma novidade. Confira o seu: Áries (20/03 a 20/04): é chegado aos sabores pungentes, picantes e, assim, um Gewurztraminer da Alsácia seria a escolha ideal. Touro (21/04 a 20/05): gosta de sabores doces. Logo um Sauternes, um Tokay ou um alemão Trockenbeerenauslese. Gêmeos (21/05 a 20/06): fica com os vinhos mais vivos, ácidos e gelados. Para ele, um Sauvignon Blanc da Nova Zelândia. Câncer (21/06 a 21/07): prefere vinhos mais suaves, até aguados, diluídos, como o baratíssimo Liebfraumilch. Leão (22/07 a 22/08): adora sabores muito ricos, apetitosos, como os de um Madeira Sercial. Virgem (23/0

Do Adeus

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Alguém já parou para pensar em quantas vezes somos obrigados a dizer adeus? Quando entramos na escola, quanta coisa nova se aprende! Percebemos então, que o mundo agora é maior que o quintal da nossa casa. E o melhor: além da cola colorida, massa de modelar, giz de cera de todas as cores, fantoches e fábulas, nós conhecemos pessoas novas. Logo, logo já nos tornamos parte dessa nova rotina, escolhemos nossos amigos e passamos a admirar todos os detalhes desse mundo colorido que acabamos de conhecer. Mas é chegada a hora. Somos obrigados a dizer adeus aos coleguinhas - companheiros de travessuras na hora do recreio, às "tias" - que nos ensinaram a desenhar todas as vogais no caderno de caligrafia, ao balanço enferrujado tão disputado no parquinho da escola e à sala de aula, repleta de desenhos e colagens, de todas as cores e formas. E esse desapego involuntário nos acompanha por toda a vida. Deixamos a escola para cursar a faculdade. Na faculdade, vamos à busca do primeiro empr

A Voz Do Silêncio

Sempre me identifiquei muito com os textos da Martha Medeiros, mas esse em especial é um dos meus favoritos. A Voz Do Silêncio Pior do que a voz que cala, é um silêncio que fala. Simples, rápido! E quanta força! Imediatamente me veio à cabeça situações em que o silêncio me disse verdades terríveis, pois você sabe, o silêncio não é dado a amenidades. Um telefone mudo. Um e-mail que não chega. Um encontro onde nenhum dos dois abre a boca. Silêncios que falam sobre desinteresse, esquecimento, recusas. Quantas coisas são ditas na quietude, depois de uma discussão. O perdão não vem, nem um beijo, nem uma gargalhada para acabar com o clima de tensão. Só ele permanece imutável, o silêncio, a ante-sala do fim. É mil vezes preferível uma voz que diga coisas que a gente não quer ouvir, pois ao menos as palavras que são ditas indicam uma tentativa de entendimento. Cordas vocais em funcionamento articulam argumentos, expõem suas queixas, jogam limpo. Já o silêncio arquiteta planos que não são comp

Sunomono

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Se tem algo que realmente me fascina, é o mundo da gastronomia. Quando mais nova, prefiria estar na cozinha ajudando minha vó a preparar algumas receitas experimentais (rs) do que ficar frente a TV. Não tenho dom para ser cheff , mas sempre que posso me arrisco entre temperos, sabores e cores. Então resolvi postar nesse blog, além dos meus textos, algumas receitas favoritas. Sempre quis saber como era feita aquela saladinha que servem de entrada nos restaurantes de comida japonesa, depois de descobrir o nome, ficou fácil. Segue a receita: Ingredientes 1 pepino japonês fatiado bem fino 5 bastões de kani kama 1 colher (sopa) de gergelim torrado Depois de fatiados os pepinos devem ser colocados numa peneira, temperados com sal e deixados pra desidratar por uns 15 minutos. Desfie o kani kama, reserve. Torre o gergelim, mas não esqueça de tampar a frigideira!!! Para o molho Amazu 4 colhers (sopa) de vinagre de arroz 2 colheres (sopa) de açucar (parece muito, mas não é) 2 colheres (sopa) de

É permitido sentir-se inseguro!

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Tem coisas que acontecem na vida da gente no momento certo. Canso de ouvir as pessoas argumentando descontentes consigo mesmas "Eu não estava preparada para enfrentar aquela situação!" ou reclamando inconsoladamente "Mas tinha que acontecer justo agora?" . Se formos analisar tudo que acontece ao nosso redor, fica fácil perceber que estamos constantemente despreparados e inseguros, embora a maioria das pessoas não admita isso, nem sob tortura. Nesse mundo de super heróis e mulheres maravilha, sentir-se inseguro é sinônimo de fraqueza. Diante disso, nos sentimos vítimas do destino, do acaso, das coincidências, dos atrasos, do stress, dos imprevistos e porque não do eterno retorno? Achamos todos os motivos possíveis e imagináveis para justificar aquele desprezível e tão temido sentimento de insegurança. Ser uma fortaleza, não é para qualquer um. É preciso prática para atuar com frieza e interpretar com muita desenvoltura o papel de ser forte a todo e qualquer moment

A arte de caçar palavras

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Depois de cometer minha fuga matinal - aquele precioso momento em que você se pega lendo textos do seu autor preferido enquanto monta atentamente seu playlist de mp3 para o início da lida diária – me permiti esquecer por alguns segundos de que era terça feira, deixei de lado o relatório mensal (que já deveria ter entregue) e não conferi mais a minha caixa de email, que por sinal estava cheia de pendências e cobranças das mais diversas prioridades. Esvaziei a minha mente, e de repente fui possuída por uma vontade inquieta de escrever. Pra falar bem a verdade, não me lembro da ultima vez em que parei pra escrever e pude terminar a frase com um conclusivo ponto final. Ultimamente as palavras me surgem meio dispersas e na tentativa de alinhar todas em uma ou mais linhas, me perco entre elas. E como são mal educadas!!! Resolvem aparecer nos momentos mais impróprios possíveis, nunca avisam que vão chegar e muito menos pedem pra entrar, simplesmente aparecem. Decidem me atormentar durante a c