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Mostrando postagens de junho, 2010

Da arte de ser

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Não sei quantas almas tenho. Cada momento mudei. Continuamente me estranho. Nunca me vi nem acabei. De tanto ser, só tenho alma. Quem tem alma não tem calma. Quem vê é só o que vê, Quem sente não é quem é, Atento ao que sou e vejo, Torno-me eles e não eu. Cada meu sonho ou desejo É do que nasce e não meu. Sou minha própria paisagem; Assisto à minha passagem, Diverso, móbil e só, Não sei sentir-me onde estou. Por isso, alheio, vou lendo Como páginas, meu ser. O que sogue não prevendo, O que passou a esquecer. Noto à margem do que li O que julguei que senti. Releio e digo : 'Fui eu ?' Deus sabe, porque o escreveu. (Fernando Pessoa)

Não me interessa...

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Encontrei esse texto na minha caixa de emails, não sei quem é o autor ...mas acho tudo isso muito verdadeiro. Não me interessa o que você faz para viver. Quero saber o que você deseja ardentemente, e se você se atreve a sonhar em encontrar os desejos do seu coração. Não me interessa quantos anos você tem. Quero saber se você se arriscaria a aparentar que é um tolo por amor, por seus sonhos, pela aventura de estar vivo. Não me interessa quais os planetas que estão em quadratura com a sua lua. Quero saber se você tocou o centro de sua própria tristeza, se você se tornou mais aberto por causa das traições da vida, ou se tornou murcho e fechado por medo das futuras mágoas. Quero saber se você pode sentar-se com a dor, minha ou sua, sem se mexer para escondê-la, tentar diminuí-la ou tratá-la. Quero saber se você pode conviver com a alegria, minha ou sua, se você pode dançar loucamente e deixar que o êxtase tome conta de você dos pés à cabeça, sem a cautela de ser cuidadoso, de ser reali

Lembranças

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Sempre que me pego escutando as músicas do finado Cenair Maicá, lembro dos dias de domingo em que a gente acordava mais cedo e já ia ajeitando os espetos, o fogo e a erva para o chimarrão. Desde guria, lembro de acordar ao som de "Balseiros do Rio Uruguai", era o velho Maicá que cedito já cantarolava a tradição missioneira pelos quatro cantos da casa. Enquanto isso, minha mãe preparava uma maionese caseira bem caprichada, e eu que sempre me diverti na cozinha, temperava com gosto um peça de costela bem gorda, escolhida a dedo pelo meu pai. O mate amargo já passeava de mão em mão, um chimarrão bem feito - companheirito de longas conversas e boas risadas. E da churrasqueira velha e engraxada, crescia um fogo que de longe ardia, arte do meu irmão mais velho, que entre um trago e outro, de relancina cuidava faceiro o braseiro. No meio do pátio, minha vó armava o carteado, e entre uma jogada e outra, a canastra limpa se fazia. E ai de quem discordasse da velha, afinal coringão lim