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Mostrando postagens de janeiro, 2012

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"(...) quem tem, afinal, o poder de salvar o outro de seus próprios abismos?" (Caio Fernando Abreu)

Da ausência

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Enfim descobri o sentido daquela agonia no fim do dia. Esta que entrava sem pedir licença, escancarando a porta da alma e fazendo tempestade onde havia calmaria. Era meu coração implorando baixinho a sua presença. Agitado, te procurava na esquina da padaria, no boteco perto de casa, na cama desarrumada, na musica que tocava dentro do carro, na caixa de emails vazia. E onde mais eu poderia te encontrar, senão, aqui...dentro de mim? A sua ausência - de tão profunda e presente - faz-se dor, e me abraça todas as noites antes de dormir. Se você ficar em silêncio por alguns segundos, ainda pode escutar meu coração te convidando pra fazer qualquer coisa, juntos. Que seja pintar um quadro, tomar banho de chuva, assistir um filme qualquer enquanto disputamos a pipoca. Que seja dividir o edredon na madrugada fria, compartilhar sorrisos bobos e abraços sinceros. Essas coisas simples, que quando fazemos (bem) acompanhados, tem sabor de fruta mordida. Cansei de dividir a rotina dos dias, com a aus
"É sempre assim que acontece – quando a gente se revela, os outros começam a nos desconhecer." (Clarice Lispector – A maça no escuro)

Da ruína

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Todas as manhãs era o mesmo não saber. Ela não sabia quem era aquela pessoa frente ao espelho. Lavou o rosto, fixou os olhos com atenção no reflexo, e mesmo assim enxergava apenas uma imagem embaçada. Sem contornos definidos, sem um sorriso estampado no rosto, sem brilho nos olhos, sem nada que vibrasse dentro do peito: nem desassossego, nem paixão. Aquilo a perturbava, era uma ausência de si mesmo que feria a alma. Se é que ainda existia alma. O vazio havia se alastrado tanto, que ela já não sabia onde começava e muito menos onde terminava aquele denso abismo. E como pesa o vazio! Irônico não? Nada a movia. Nem fé, nem esperança. Nem planos descabidos, nem mesmo sua fértil imaginação a salvava nesses dias. Deixou de lado a caixa de lápis de cor, afinal já não fazia mais diferença pintar um sol (de óculos escuros, sorrindo) no canto do dia. Havia perdido o apetite pela vida, logo ela que devorava com gosto a rotina dos dias. Deixou cair pelo caminho a disposição, o foco, a vontade, a e