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Do vazio

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Aquele olhar perdido dele, sempre me deixou inquieta. Ficava ali, oras a fio, estático, intacto. Feito estátua, observava sem pressa a despedida do sol no fim de um dia de verão. Segurava firme a cuia de chimarrão e compassadamente engolia seco, goles de mate quente sem nada dizer. Aquilo me incomodava. Não sabia se era tranquilidade demais ou se era dor. Eu, ainda nova demais para entender os desassossegos da vida, achava apenas que era cansaço. Depois que ele partiu, fui entender o real significado da palavra "vazio". Esses dias atrás, me surpreendi quando me perguntaram o porquê do meu olhar passivo, perdido...vagando no horizonte. Respondi que era apenas o cansaço do dia-a-dia. Mas no fundo, eu sabia. Estranhamente, havia herdado dele aquele vazio inquieto que o silêncio preenchia.