De sentir-se livre


Numa dessas noites inquietas, em que a insônia e mil e uma dúvidas resolveram dividir a cama comigo, amanheci me questionando sobre o ato de sentir-se livre. Afinal, o que é liberdade? Achei engraçado, quando certa vez escutei alguém comentando indignado : "Não quero perder minha liberdade quando me casar!" No momento, fiquei sem entender nada, e aquilo ficou ecoando à minha volta. Normal, pois tudo que não compreendo, me persegue, feito sombra me acompanha em todos os lugares.

Não consigo acreditar nessa teoria de "perder a liberdade". Só se perde o direito de ser livre, quem ainda não entendeu a essência da vida. Afinal, me conforta a idéia de que "A verdadeira liberdade é um ato puramente interior, como a verdadeira solidão: devemos aprender a sentir-nos livres até num cárcere, e a estar sozinhos até no meio da multidão".

Todos os dias quando acordo, sinto-me livre para escolher quem vou ser. Dentre uma infinidade de opções, posso escolher qualquer uma que me agradar. Posso enfrentar o dia sendo louca e passional (minha preferida) ou indiferente e distante. Me divirto com essas múltiplas personalidades. Me sinto livre, mesmo no meio de um congestionamento quilométrico, coloco pra tocar a minha música preferida e nem ali, eu estou. Sinto-me livre na minha própria companhia, não tenho vergonha nem medo de me sentar frente à frente com o meu verdadeiro "eu", fico a vontade no meio das minhas cicatrizes e imperfeições. Me sinto livre, quando contemplo sem pressa, a natureza. Perceber-se inferior diante da imensidão de um céu repleto de estrelas, estranhamente, me faz sentir a essência da liberdade. Bem como, quando o vento lambe-me o rosto e bagunça meus cabelos. Sinto-me livre quando leio e escrevo, pois quando se respira palavras e pontos, passa-se a habitar um mundo paralelo repleto de teorias, idéias, e invenções, e lá, eu sou verdadeiramente livre. E é assim, que ultimamente tenho alimentado a minha liberdade.

Enfim, acho que a liberdade tem um pouco a vê com alma e escolhas. Diante de tantas prisões que a realidade nos impõe, pelo menos temos o direito e a liberdade de escolher qual caminho trilhar.

Comentários

  1. Uma vez eu comentei, acredito que fora aqui mesmos no seu blog, sobre a relatividade do universo.
    A liberdade também é relativa, dependendo do observador, no seu caso pude notar que você se sente livre só, “Sinto-me livre na minha própria companhia” ou “Me sinto livre, quando contemplo sem pressa, a natureza.”, mantendo-se sempre em primeira pessoa.
    Faz-me lembrar que, em um casamento, o padre disse “Às vezes o egoísmos, a individualidade no casamento é tão forte, que preferimos viver só”, talvez seja essa a liberdade a que alguém indignado comentou. As prisões sem muro, onde o egoísta, o marido ou a mulher, detém as chaves. Onde preferimos vivemos como zumbis e não tenhamos forças, por covardia com certeza, de mudar as coisas; porquê: O que adianta a liberdade só?
    Te dou uma dica... É mas fácil fugir para a liberdade se tivermos conosco um companheiro de fuga.

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