O quadro


Na minha infância, não me lembro de nada mais intrigante do que aquele quadro pendurado no centro da sala vazia. Era um quadro que me hipnotizava por horas e horas. Toda vez que cruzava a sala, ele me pedia silenciosamente uma segunda olhada. E eu ficava alí, inquieta frente à ele. Lembro me claramente, era uma imagem de uma janela enorme com grades brancas e o vidro desta refletia um jardim incrível, indescritível. Cores de todas as tonalidades coloriam delicadamente cada flor. E eu que sempre tive a estranha mania de ficar contando as coisas, perdi as contas do número de árvores que haviam naquele jardim. Era um convite tentador. Por várias vezes me peguei com o olhar perdido naquele quadro, tentando imaginar como seria a sensação de correr por aquele jardim imenso sem ter hora pra voltar. Sentir o perfume de cada uma das flores e poder me deitar à sombra da minha árvore preferida quando estivesse cansada (sim, eu já tinha até escolhido a minha árvore favorita !!) Quando criança, li muito as crônicas de Nárnia - que naquela época não era muito conhecida - e os fabulosos contos dos Irmãos Grimm - que não tem nada a ver com o filme que foi lançado em 2005. Acho que isso contribuiu muito para a formação do meu processo imaginário criativo, que até hoje me surpreende.
Não sei qual foi o fim do quadro, mas mesmo depois de anos eu jamais esqueci aquela imagem encantadora.


Comentários

  1. Nininha, teria este quadro outras propriedades mágicas??? Seria ele um portal para dimensões ainda desconhecidas??

    bjo,
    Ricardo.

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