Do email extraviado

Ela havia perdido mais uma noite. O sono lhe arqueava o corpo, como se carregasse todo o firmamento sobre os frágeis ombros. Mas resolveu encaminhar para ele, depois de muito pensar, o trecho que havia escrito durante as horas de insônia e inspiração. Digitou cuidadosamente letra por letra, para não errar ou esquecer nenhum ponto. E enviou:

"(...) e me dá uma saudade irracional de você. Uma vontade de ficar perto, mesmo estando distante, de te olhar sem dizer nada, assim como quando te observo de longe, você e seu olhar inquieto frente a tela do computador, e depois de minutos você me pergunta o porquê de eu estar te olhando. Aí surge no canto da minha boca, um riso discreto, cerrado...e fico, sem dizer nada. Mas esse silencio diz calado o quanto te amo e te admiro, mesmo de longe - e é sincero."

E depois disso, horas se passaram. Ansiosamente, ela atualizava de 5 em 5 minutos sua caixa de entrada. Afinal, era cedo demais para perder a esperança.


E assim ficou a esperar pelo email que nunca foi respondido.



PS: A gente só tem a gente. No fundo, lá no fundo, essa é a realidade. Qualquer outra interpretação é espera. No outro. Que o outro fale, que o outro perceba, que outro entenda. Não entende. Porque não é a gente. Imagina que entende, mas não enxerga porque os olhos são outros, ainda que da mesma cor (Kandy).

Comentários

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. ...nunca recebi um email destes, mas já mandei (e também gastei o 'F5' esperando uma resposta, qualquer resposta). Talvez, a questão seja o intervalo - por quanto tempo a gente tem, de fato, mais do que apenas a gente, no mundo. E aproveitar este intervalo, né...

    bjão, do amigo 'temporariamente empesteado'... ;)

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