De coração, guerra e escolhas

Há quanto tempo eu não passava por aqui ? Foi bom reler todos os textos e ver quanta coisa mudou. De fato foram muitas mudanças mesmo.

Deixei pra trás a confortável casa e cidade que sempre me acolheu. Me despedi dos poucos,  porém fiéis amigos: companheiros de bar e de guerra.



Em um abraço já cheio de saudades, me vi afastando-se pouco à pouco da irmã querida,  que foi colo durante minhas crises intermináveis, e riso solto nas madrugadas regadas à muita cerveja e rock`n`roll.

Era preciso ser forte, mas além disso era preciso ter fé. Fé em mim mesma. E eu já não sabia quem eu era. Se era o vazio dos dias que me arrastavam pra longe de mim,  ou se era, um pequeno fagulho de paixão que ainda ardia no peito.

Empunhei a espada, e é com a mão ainda trêmula que rasgo todos os dias a selva de pedra de uma cidade desconhecida. No findar do dia, mais um leão morto sem piedade.

É tempo de guerra. E como em todas as guerras, é necessário saber equilibrar o ânimo, a coragem, a vontade de seguir em frente com o gelo da solidão, do medo, da insegurança diante de um futuro, até então, difícil de se vislumbrar. 

Não me envergonho em dizer, que muitas vezes lutei com o medo de fracassar lado a lado em batalha, sentado em meus ombros como um corvo, velho companheiro. E foi nesses dias difíceis que aprendi a me aceitar - fraca e frágil. Me permiti sentar à sombra dos meus próprios olhos e chorar todas as lágrimas que havia amordaçado. E depois de lavar a alma, como se fosse mágica - renasço mulher selvagem, Senhora de mim mesma, às de espada, com um furacão dentro do peito, pronta para mais uma batalha.

Assim sigo lutando. Luto com saudades de casa, desejando rever velhos amigos, irmãos de alma. Luto com saudades da fortaleza que encontrava nos braços da minha mãe quando algo me perturbava. Mas luto com um sorriso estranho no rosto.Luto cantando ao vento a alegria de ser livre. De escolher os caminhos por onde andei e por fazer das minhas escolhas e cortes, meu próprio destino.



THE ROAD NOT TAKEN
(Robert Frost)


Two roads diverged in a yellow wood,
And sorry I could not travel both
And be one traveler, long I could
To where it bent in the undergrowth
Then took the other, as just as fair,
And having perhaps the better claim,
Because it was grassy and wanted wear;
Though as for that, the passing there
Had worn them really about the same,
And both that morning equally lay
In leaves no step had trodden black.
Oh, I kept the first for another day!
Yet knowing how way leads on to way,
I doubted if I should ever come back.
I shall be telling this with a sigh

Somewhere ages and ages hence:
Two roads diverged in a wood, and I -
I took the one less traveled by,
And that has made all the difference.

Comentários

  1. Velha história

    Depois de atravessar muitos caminhos
    Um homem chegou a uma estrada clara e extensa
    Cheia de calma e luz.
    O homem caminhou pela estrada afora
    Ouvindo a voz dos pássaros e recebendo a luz forte do sol
    Com o peito cheio de cantos e a boca farta de risos.
    O homem caminhou dias e dias pela estrada longa
    Que se perdia na planície uniforme.
    Caminhou dias e dias…
    Os únicos pássaros voaram
    Só o sol ficava
    O sol forte que lhe queimava a fronte pálida.
    Depois de muito tempo ele se lembrou de procurar uma fonte
    Mas o sol tinha secado todas as fontes.
    Ele perscrutou o horizonte
    E viu que a estrada ia além, muito além de todas as coisas.
    Ele perscrutou o céu
    E não viu nenhuma nuvem.

    E o homem se lembrou dos outros caminhos.
    Eram difíceis, mas a água cantava em todas as fontes
    Eram íngremes, mas as flores embalsamavam o ar puro
    Os pés sangravam na pedra, mas a árvore amiga velava o sono.
    Lá havia tempestade e havia bonança
    Havia sombra e havia luz.

    O homem olhou por um momento a estrada clara e deserta
    Olhou longamente para dentro de si
    E voltou.

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