Das felicidades repentinas

Eu não sabia o que era felicidade. Sempre pensei que quando se é feliz, o céu mudaria de cor, o sorriso ficaria estampado no rosto em cenas slow motion enquanto bolinhas de sabão multicoloridas flutuariam ao redor das pessoas ao som de Here Comes the Sun dos Beatles.
O conceito de felicidade tem se tornado tão surreal, que grande parte das pessoas não reconhecem que naquela pequena fração de tempo, foi-se feliz. Hoje eu sei que a felicidade não tem nada a vê com circunstâncias grandiosas e arrebatadoras. Ela vibra na frequencia das coisas mais simples, feita de pequenos momentos eternos.
Ontem eu estava distraída, cozinhando ao som de Neil Young, entre um gole e outro de vinho seco, tentava me cuidar para não salgar demais o molho, coisa que eu sempre faço. Da varanda dava pra ver a chuva cair mansa lá fora e o vento invadia a sala espalhando pelo ar um aroma carregado de temperos.
 Enquanto você me ajudava cortando cuidadosamente a cebola em pedaços milimetricamente calculados, eu te contava as coisas bobas do dia. Aquela minha conversa mole, que quando se vê já se foram duas garrafas de vinho. Eu te disse, com um sorriso bobo no rosto: "Então amor, o que mais você quer escutar ?" e você me respondeu sorrindo com os olhos "a sua voz". 
Era isso. Só isso. Tudo isso! E naquele momento, eu era feliz.
 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Notas sobre ela

Sobre encontros e tempestades

Azeites Aromaticos