Da espera


Sei que tenho andado em dívida com o blog, afinal há tempos não apareço por aqui. Mas espero que compreendam essa minha ausência temporária, foi necessário me afastar. As vezes me sinto tão confusa quanto ao o que me perturba e à quem eu devo ser naquele exato momento, que acabo encontrando fôlego apenas nos longos, silenciosos e solitários (acima de tudo) períodos de introspecção.

Tenho percebido que a minha solidão e essa constante necessidade de retrair-se são comportamentos inadmissíveis nesse meio onde tudo nos obriga a uma sociabilidade forçada. Mas foi nesse breve intervalo que encontrei conforto para "dialogar" sem travas, inventar teorias, (no mínimo, contestáveis) e também (e principalmente) para me silenciar. E é exatamente isso que mantém o edifício inteiro em pé. Sim, eu sinto essa necessidade de me isolar, e de me reconstruir quando o fardo pesa mais que o suportável.


Enfim, já cheguei por aqui arrancando as ervas daninhas que insistiam em subir pelos cantos do blog. Quanta sujeira achei escondida na rotina dos dias, quanta poeira havia nas entrelinhas das frases que ficaram pra ser ditas ou escritas uma outra hora. E elas, essa meia dúzia de palavras inquietas, ficaram ali, estáticas...esperando ansiosamente tomar forma ou somente vagar no ar, mas acabaram sendo engolidas no primeiro gole de vinho.

Não há nada que me perturbe mais, do que o silencio que amordaça brutalmente centenas de palavras engatilhadas. Estava comentando isso, ainda hoje, com um amigo. O problema é que essa centena converte-se rapidamente em milhares de palavras, confissões e desabafos contidos. E depois disso, se tornam parte de nós. Uma parte amordaçada de quem nós somos, uma parte que cala, e que espera (uma espera que cansa). Até chegar o dia, em que tudo isso se torna complexo o suficiente pra nos causar grande confusão mental.

Aí, numa terça feira chuvosa regada a vinho seco, Nietzsche me aparece (sem pedir licença, claro!) e me diz (friamente, como de costume) : "torna-te quem tu és !!!" (¬¬) Ok, meu caro (e velho) amigo, nessas horas eu já não sei quem eu sou ( ?) , ou se na verdade, sou aquilo que deixei de ser...

Enfim, pensamentos (um tanto) perturbados p/ uma terça-feira chuvosa, não?

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