Supresa

Quando mais nova - devia ter meus 11, 12 anos de idade - passava horas entre as estantes empoeiradas da biblioteca da Escola Técnica Federal, esperando minha mãe terminar de dar aula para ir embora pra casa. Era meu esconderijo favorito. Naquele corredor estreito de prateleiras cinzas, eu poderia ser quem eu quisesse. Bastava apenas abrir um livro. E foi alí que conheci clássicos como "Contos e Lendas dos Irmãos Grimm", as preciosidades de Monteiro Lobato e a inesquecível Coleção Vagalume. Esses dias atrás, fiquei surpresa em encontrar este poema de Olavo Bilac. Cheguei até me lembrar do cheiro do livro antigo, encadernado vermelho com letras douradas, que havia emprestado da tal biblioteca: Maktub - Malba Tahan. Passaram-se 16 anos, e eu nunca esqueci do poema que ilustrava o prefácio deste livro.

Que lembrança mágica! Repleta de cores e cheiro da minha infância.


AVATAR



OLAVO BILAC

Numa vida anterior, fui um xeique macilento
E pobre... Eu galopava, o albornoz solto ao vento.
Na soalheira candente; e, herói da vida obscura,
Possuía tudo: o espaço, um cavalo e a bravura.

Entre o deserto hostil e o ingrato firmamento,
Sem abrigo, sem paz no coração violento,
Eu namorava, em minha altiva desventura,
As areias na terra e as estrelas na altura.

Às vezes, triste e só, cheio do meu desgosto,
Eu castigava a mão contra o meu próprio rosto,
E contra a minha sombra erguia a lança em riste...

Mas o simum do orgulho enfumava o meu peito;
E eu galopava, livre, e voava, satisfeito
Da força de ser só, da glória de ser triste!

Comentários

  1. Enquanto dispuser de tempo, nesta terra, dirija seus passos pela senda do bem.
    Procure agir, fazer sempre alguma coisa em benefício de alguém, embora seja apenas uma palavra de conforto, um gesto de carinho, um sorriso de incentivo.
    Faça alguma coisa em favor do próximo, e terá o coração cheio de alegria e de felicidade.

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