"Não sei ser contida, discreta. Brigo em voz alta, rio em voz alta, sinto em voz alta. Sou feita de barulho e de verdade. Murmúrio não faz parte de mim e quem não gostar, que tape os ouvidos."
Não sei como se chama isso, deveria saber. Afinal, quando se sabe o nome das coisas, você sente um falso controle sobre ela. Pelo menos, é assim que funciona comigo. Não era tristeza, e definitivamente não era alegria. Era uma mistura de agonia com tédio e pitadas de desesperança, mas ao mesmo tempo, era também vontade de gritar, de se jogar, de mudar. Como definir? Seria a crise dos 30 me visitando? Talvez. Mas, isso já vem acontecendo há um bom tempo. Quinta-feira, como sempre introspectiva. Júpiter rege esse dia e por isso fica me cutucando pra me tirar da inércia, do vácuo. É sempre ele disfarçado de conselho, sussurrando no meu ouvido "torna-te quem tú és". Júpiter tem dessas coisas, de cobrar a evolução, o verdadeiro potencial e o controle de si mesmo. É ele novamente, me sacudindo pra vida.E eu só queria ficar aqui quietinha, sem nenhuma cobrança, nem pressão. Mas até quando fugir, fingir, se esconder? OK, então vamos lá. Resolvi olhar aqui pra dentro e o...
Quando me encarei nessa foto, fiquei rindo sozinha. Olhando para ela percebi que eu tinha me transformando em uma das minhas personagens: Mercedes Ramón. Para quem não a conhece, brinco dizendo que Mercedes é a faxineira que trabalha para mim. É a ela quem recorro quando preciso de energia para encarar aquela bagunça que se acumula pelos cantos da casa. Mercedes sabe que a lida de quem trabalha em casa é pesada mas nem por isso precisa ser um lamento. Quando chega, prende o cabelo no alto para manter os fios longe do suor do pescoço, passa sem jeito um batom vermelho nos lábios feito menina quando rouba a maquiagem da mãe e por onde passa deixa um aroma com notas de alecrim e lavanda. Mercedes diz que para mandar a sujeira embora é preciso dançar, movimentar a energia do corpo e também do lar. Mexe os quadris enquanto dança com a vassoura, relembra das noites de verão em Cochabamba quando dançava nos braços do seu amado. Me contou certa vez que ele a deixou, partiu sem...
Bastou que ele pronunciasse meia dúzia de palavras, para que despertasse em mim, a fúria que há tempos carregava junto ao peito. Eu, que sempre engoli a seco todo aquele desaforo, cuspi sobre a mesa, em alto e bom som...e lágrimas, a ira que me consumia. Sim, palavras de baixo calão que fariam corar um marinheiro vivido. O sangue fervia ao ponto de dilatar as veias temporais, e naquele momento senti queimar em mim a revolta dos que tem sede de vingança. Me despi do semblante calmo e passivo dos regidos pelo signo de Peixes, e permiti que meu ascendente assumisse o controle. A mais fria e cruel vingança do zodíaco - sobe ao palco o intenso Escorpião. E já advertia Renato Russo "Nunca brinque com peixes ascendente em escorpião". Depois de insultar, bater na mesa e apontar o dedo na cara, disse com todas as letras, palavras que poderiam abrir feridas profundas na alma. No meio de todo aquele caos, a primeira reação de quem presenciou a cena, foi de que eu estava completamente de...
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