Não sei como se chama isso, deveria saber. Afinal, quando se sabe o nome das coisas, você sente um falso controle sobre ela. Pelo menos, é assim que funciona comigo. Não era tristeza, e definitivamente não era alegria. Era uma mistura de agonia com tédio e pitadas de desesperança, mas ao mesmo tempo, era também vontade de gritar, de se jogar, de mudar. Como definir? Seria a crise dos 30 me visitando? Talvez. Mas, isso já vem acontecendo há um bom tempo. Quinta-feira, como sempre introspectiva. Júpiter rege esse dia e por isso fica me cutucando pra me tirar da inércia, do vácuo. É sempre ele disfarçado de conselho, sussurrando no meu ouvido "torna-te quem tú és". Júpiter tem dessas coisas, de cobrar a evolução, o verdadeiro potencial e o controle de si mesmo. É ele novamente, me sacudindo pra vida.E eu só queria ficar aqui quietinha, sem nenhuma cobrança, nem pressão. Mas até quando fugir, fingir, se esconder? OK, então vamos lá. Resolvi olhar aqui pra dentro e o...
Não era medo. Diante do mar e toda a sua majestade, me curvei. Enterrei os pés na areia, na necessidade de firmar-se, de sentir-se parte de algo. Era uma carência recente, ainda aberta no peito. Olhava para os lados, na expectativa de encontrar um olhar conhecido, um andar para acompanhar, ou algum "oi-quanto-tempo?!!" solto ao vento. Mas não. Nada ali me fazia lembrar a pessoa que eu tinha sido, nesses últimos anos. A mesma insegurança boba de sempre, de sentir-se deslocada toda vez que o destino me arrancava o chão. Fiquei me debatendo feito peixe fora d'água diante daquele novo palco, sem roteiros. Era uma vida nova, repleta de desafios e novas oportunidades. Era tempo de cuidar de mim. Eu que sempre cronometrei as horas do dia, na inútil expectativa de dar conta de tudo, não sabia ainda o que era ter 24 horas do dia só pra mim. Dolce far niente . Deixei para trás os amigos, o emprego, o carro e a minha velha rotina de correr contra o tempo. Restava no pei...
Bastou que ele pronunciasse meia dúzia de palavras, para que despertasse em mim, a fúria que há tempos carregava junto ao peito. Eu, que sempre engoli a seco todo aquele desaforo, cuspi sobre a mesa, em alto e bom som...e lágrimas, a ira que me consumia. Sim, palavras de baixo calão que fariam corar um marinheiro vivido. O sangue fervia ao ponto de dilatar as veias temporais, e naquele momento senti queimar em mim a revolta dos que tem sede de vingança. Me despi do semblante calmo e passivo dos regidos pelo signo de Peixes, e permiti que meu ascendente assumisse o controle. A mais fria e cruel vingança do zodíaco - sobe ao palco o intenso Escorpião. E já advertia Renato Russo "Nunca brinque com peixes ascendente em escorpião". Depois de insultar, bater na mesa e apontar o dedo na cara, disse com todas as letras, palavras que poderiam abrir feridas profundas na alma. No meio de todo aquele caos, a primeira reação de quem presenciou a cena, foi de que eu estava completamente de...
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