Então que hoje eu acordei meio "Pálpebras de Neblina", como no inicio deste conto do Caio Fernando (porque só ele tem o dom de acalmar minhas tempestades repentinas). "Fim de tarde. Dia banal, terça, quarta-feira. Eu estava me sentindo muito triste. Você pode dizer que isso tem sido frequente demais. Tristeza-garoa, fininha, cortante, persistente, com alguns relâmpagos de catástrofe futura. Projeções: e amanhã, e depois? e trabalho, amor, moradia? o que vai acontecer? Típico pensamento-nada-a-ver: sossega, o que vai acontecer acontecerá. Relaxa, baby, e flui: barquinho na correnteza. Deus dará. Essas coisas meio piegas, meio burras, eu vinha pensando naquele dia." Fiquei ali, estirada na cama. Pedaço de carne intocado, ligeiramente encolhido de frio. Aos pés da cama, minha gata se espreguiçava, uma bola de pelo perdida entre o edredom. Era sempre pra ela, o primeiro sorriso bobo e sincero, mesmo nos dias cinza. Os raios de sol insistiam, teimosos, adentrar o ...