O estranho que passava

Sabe aqueles dias em que você acorda atrasado, tropeça no chinelo que estava estrategicamente jogado no meio da sala, derrama leite com café (quente) na única camisa passada, pega todos os sinais fechados na ida para o trabalho, e como se não bastasse o dia segue nesse ritmo frenético de azar? Então, certa vez, acordei assim. Tudo apontava para mais um dia de cão: calor infernal, trânsito engarrafado, relatórios atrasados, noticias ruins chegavam sem avisar e a única coisa que eu queria era que o dia terminasse...logo. E naquele fim de tarde, eu estava no meu limite. E olha que não é sempre que eu aceito fazer tal afirmação. Na volta para casa, depois de ter perdido a carona, o pesado fardo de um péssimo dia me arqueava as costas e entre passos descompassados eu pensei com meus botões: "Não falta acontecer mais nada!" E então começou a pingar, a famosa chuva de verão. Enquanto algumas pessoas procuravam desesperadamente algum abrigo, eu... se quer me arrisquei a andar mais rá...